Resenha
Eu não diria que SONHO MATUTINO seja um livro de poesia, lê-lo quase como romance, onde você viaja e se delicia nas diversas viagens do poeta. Uma hora é o "matuto" que não aceita as mudanças da sociedade e o modo de vida dos grandes centros urbanos, outra é o sertanejo distante, que sente saudades da sua terra e e no seu canto realça as suas belezas e as reafirma os seus valores. Tem ainda a presença onde o autor exalta a vida sem ser mórbido, não se esquece a morte;ousa se poetizar; fala da importância do trabalho na auto construção e na construção de uma sociedade melhor; se permite ser voluptuoso "para ter uma menina".
Em " o povo do sertão" o autor usa e abusa do linguajar regional, relembra alguns termos distantes da comunicação erudita, mas muito presente no valor do homem do campo; "dá um dedo de prosa" com o leitor, informado que o sertão tem seus encantos e isso fica claro mesmo quando o assunto em pauta é a fome que mata, a sede que castiga ou o rude trabalho na roça. Não esquece dos objetos e animais que compõem a vida do homem sertanejo como o chapéu de couro, jumento e as cabras; fala ainda da hospitalidade mesmo que seja em uma casa rústica, feita de enchimentos.
A segunda parte do livro continua a nos envolver numa deliciosa leitura qual melodia suave aos nossos ouvidos, prestando uma série de homenagens, como por exemplo, à mulher, ao amor, à amizade e à família. Também os vários problemas sociais aparecem dando voz aos esquecidos. O autor fala do otimismo sem ser tópico; enaltece a criação e o criador; canta a poesia.
Ler SONHO MATUTINO é conhecer um pouco mais sobre o sertão, redescobri nossas origens e valorizá-las; é pensar sobre coisas e situações; é tornar-se poeta junto com o poeta.
Edinalva Padre Aguiar
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